A série “Mato Grosso Clima e Mercado”, promovida pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), segue com sua análise detalhada sobre as condições enfrentadas pelos produtores rurais do estado.
Nesta edição, a equipe se deslocou para a região de Itiquira, onde os agricultores compartilharam os desafios climáticos e logísticos que têm impactado diretamente a produtividade das lavouras. O destaque deste ano foi o atraso no início das chuvas, que gerou complicações no plantio da soja e trouxe preocupações quanto à janela ideal para o milho safrinha.
Os produtores locais relataram que o comportamento do clima tem se mostrado atípico. Tradicionalmente, as primeiras chuvas chegam em setembro, marcando o início do plantio da soja.
No entanto, em 2024, a precipitação significativa só ocorreu no dia 10 de outubro, ocasionando um atraso médio de uma semana no cronograma de plantio. Esse atraso gerou uma série de impactos, afetando desde a produtividade até a logística e o planejamento das aplicações de insumos. Um exemplo é a última aplicação de fungicidas, que pode ser comprometida dependendo do estágio das lavouras.
Apesar das dificuldades iniciais, a maior parte das plantações de soja em Itiquira encontra-se dentro da normalidade. No entanto, o atraso pode trazer consequências a longo prazo, principalmente em relação ao manejo de pragas e doenças.
A região tem lidado com a presença de percevejos e lagartas, uma pressão esperada para esta época do ano, mas que exige atenção redobrada. A principal preocupação dos produtores, no entanto, está nos reflexos do atraso das chuvas para o cultivo do milho safrinha, cuja janela de plantio já é estreita e exige precisão no manejo.
Além das questões climáticas, Itiquira enfrenta um desafio estrutural significativo: a capacidade de armazenagem da produção. A região possui um número limitado de armazéns, o que afeta os produtores que dependem de estruturas terceirizadas.
Embora muitos agricultores contem com armazenagem própria, que ajuda a reduzir a pressão logística, aqueles sem essa infraestrutura enfrentam dificuldades para estocar a colheita. Essa limitação também afeta a comercialização, já que os produtores sem armazéns próprios têm menos flexibilidade para negociar a soja em momentos mais favoráveis do mercado.
A armazenagem própria é apontada como uma solução estratégica para mitigar os impactos da sazonalidade nos preços, permitindo que os produtores comercializem sua safra de forma planejada e aproveitem as melhores cotações.
Em meio a esses desafios, a Aprosoja MT reforça seu compromisso com o apoio aos agricultores, oferecendo orientação técnica e promovendo a troca de experiências. O programa “Mato Grosso Clima e Mercado” se consolida como uma plataforma indispensável para identificar os problemas enfrentados no campo e propor caminhos que impulsionem a produtividade e a sustentabilidade da agricultura mato-grossense.